Sobre “Especiais”

15 de setembro de 2015

Eu sempre tive a vontade de fazer um podcast em formato storytelling, dada minha admiração especialmente pelo This American Life. E foi baseado nele que eu decidi estudar essas técnicas e fazer um episódio piloto. A ideia era focar numa história simples, mas que possuísse alguma profundidade também. Foi assim que nasceu O Bom de Briga, o episódio piloto, no início de 2015. A história que meu pai conta lá já era bem conhecida pra mim. Parecia um bom primeiro passo.

Após me familiarizar melhor com o formato, passei a planejar uma primeira temporada, que deveria sair no segundo semestre daquele mesmo ano. A ideia original era fazer uma temporada com episódios isolados, cada um com uma história fechada em si. Comecei gravar algumas entrevistas, juntar material, mas fui surpreendido pela riqueza da vida de Lili Jaffe. Por conta disso, a primeira temporada focou-se apenas nela, dando origem aos cinco episódios que formam As Filhas da Guerra.

Mas eu já estava com uma história pronta, ainda dentro do plano original. Acabei lançando-a como um episódio extra, ao final da primeira temporada. É o episódio A Verdade Nua e Crua, que narra o período no qual Mariana Miranda tem fotos íntimas vazadas na internet, fazendo da sua vida um caos. Apesar de ser apenas um programa, foi uma das histórias que mais tive orgulho em produzir, já que traz uma dimensão pouco explorada quando o assunto é a intimidade exposta no mundo virtual: como fica o psicológico de quem passa por isso?

E é por conta dessas coisas que amo o storytelling: ele é capaz de tornar momentos simples em profundas reflexões sobre a vida, ao mesmo tempo que também pode gerar mais empatia com aquele que nos oferece sua história.


Ivan Mizanzuk é professor universitário de Curitiba-PR. É co-autor do livro Existe Design?, autor do romance de terror Até o Fim da Queda, idealizador dos podcasts AntiCast e Projeto Humanos. Já publicou alguns textos no portal B9, dá cursos de storytelling, já foi designer e hoje acha que é mais fácil ser chamado de jornalista (pelo menos até as pessoas saberem o que é um podcaster).